Vivendo pelo propósito

A intenção por algo maior é ainda mais importante para garantir a nossa saúde física e mental durante o período incerto de pandemia e quarentena

Andressa Siegel
4 min readMay 30, 2020

propósito (sm) lat proposĭtus:
• intenção (de fazer algo); projeto, desígnio.
• aquilo que se busca alcançar; objetivo, finalidade, intuito.

No dia 19 de Abril de 2020, Domingo, às 13:47 eu fiz algo pela primeira vez: camarão empanado. Pode parecer simples, mas para mim foi um grande feito por dois motivos. O primeiro é que sempre tive medo de frituras. Desde pequena eu prefiro ficar 2m de distância de comidas fritando.

O segundo motivo é que eu odiava camarão até uns dois anos atrás. A textura, a aparência, saber que é um animal que basicamente come o que está no chão sem respeitar a regra dos 5 segundos…

Como eu nunca curti camarão, eu também nunca comprei camarão. Foi outra nova experiência entrar em contato com a peixaria pelo WhatsApp, ser impactada por uma lista de camarões (eu nem sabia que tinha tantos tipos!), aprender qual a finalidade e preço de cada um.

No fim, limpando cada um, eu descobri que é um baita exercício para acalmar a mente porque exige muito trabalho manual (muito mesmo) e que fritar não é tão aterrorizante assim.

O camarão empanado ficou incrivelmente bom pra uma primeira vez. Compartilhei fotos com o grupo da família e todos ficaram impressionados. Era o mês 1 da quarentena, trinta dias sem ver a família presencialmente.

No mesmo dia, às 17:17, minha mãe me ligou.

Minha vó tinha sofrido um AVC.

É engraçado as reviravoltas da vida. Nós temos o costume de viver como se tudo fosse para sempre, como se cada amanhecer fosse só mais um dia e não como se cada dia fosse menos um dia.

Os desafios na vida muitas vezes fogem do nosso controle. Seja qual for a causa, sempre há dois caminhos: promover mudanças positivas (que às vezes sabíamos que era necessário, porém tínhamos medo de fazer) ou paralisar.

A paralisia não digo em sentido literal.

Dona Emília, minha vó, perdeu o movimento do lado esquerdo. Seu corpo ficou parcialmente paralisado, porém sua mente não a fez desistir. Ela sempre foi uma mulher forte e decidida e, apesar da doença ter a limitado fisicamente, isso não tirou sua vontade de viver.

Como acontece com pessoas de mindset de crescimento, minha vó abraçou o desafio. Diariamente ela aprende a superar as limitações motoras. Ela recuperou a fala quase 100%, agora está reaprendendo a andar e o próximo passo é voltar a movimentar a mão para reconquistar sua independência.

Durante os novos aprendizados, minha vó tem enfrentado as dificuldades com muito entusiasmo. Dona Emília continua fazendo piadas como: "essa mão burra!", diz ela batendo na mão esquerda e rindo à beça.

O curioso é que pessoas próximas à minha vó tem mindset fixo, o oposto do mindset de crescimento dela. São conhecidos que evitam desafios por medo, que acreditam no "só acontecem coisas ruins comigo", desistem fácil nos primeiros obstáculos e quando erram repetem que “não são bons o suficiente”.

Quem tem mindset fixo não percebe que a vida sempre teve e sempre terá seus altos e baixos. É isso que faz a vida… bem, ser vida! Todos nós enfrentamos ou ainda vamos enfrentar sérias dificuldades, e a diferença é como cada um de nós lida com os seus problemas.

Com frequência, pessoas de mindset fixo permanecem na zona de conforto pois lhes garante segurança. É um lugar quentinho, seguro, onde não são desafiadas a aprender ou reconsiderar o que já sabem. O mindset fixo depende da expectativa de que a vida irá transcorrer de acordo com sua vontade.

Apesar de eu sentir que tenho mindset de crescimento, sei que preciso de muito autocontrole para não cair nas armadilhas do mindset fixo. É normal. Dependendo da situação, do nosso medo, nós temos tendência a voltar às origens do que parecia que já havíamos superado.

Quando surgem intempéries, tudo se torna frágil.

“Construções que se encontram tão expostas às intempéries precisam de uma boa fundação", William Penn.

Construção é a minha, a sua vida. Corpo e mente. Basta ser vivo para vivenciar intempéries como doença, morte, desemprego, fim de relacionamento… Para sustentar todos os sustos é preciso uma base. A minha fundação é o meu propósito. A minha motivação, o porquê de estar viva, é o que me faz continuar a nadar.

Para que seu propósito seja verdadeiro, ele precisa vir da verdade. O que quero dizer com isso? Precisa partir de você. Pessoas ao redor de sua vida podem (e vão) ter muitas expectativas sobre para onde você deve ir, o que você deve fazer, mas qual é a sua opinião? Qual é a sua vontade? O que te traz alegria? Êxtase? Sensação de pertencimento?

Um bom propósito não é ter, mas ser. Ser uma pessoa melhor, ser uma pessoa mais feliz, ser uma pessoa equilibrada, ser uma pessoa satisfeita, ser uma pessoa humilde e altruísta. São ganhos que levaremos pra toda a vida.

“O futuro vem para cada um de nós com todos os riscos do desconhecido.” Plutarco.

O que aprendi com a minha vó, a pandemia e todo o caos do Brasil é que da ruína pode vir oportunidades de progresso. Sempre há a luz no fim do túnel, por mais longo e tenebroso que ele possa parecer. Daí que vem a importância do propósito. Acreditar.

Eu acredito que tudo depende de paixão. Minha sugestão: aproveite os tempos obscuros para refletir e encontrar seu propósito. Viva apaixonadamente. Inspire o mundo. Questione-se: por que você faz o que faz? Assim você entenderá o que importa e o que não importa.

Quem você quer ser? Que caminho irá seguir? Mindset fixo ou de crescimento?

💡 Dica de leitura: Mindset: A Nova Psicologia do Sucesso

--

--